Ficha Técnica
Autor: David Liss
Editora: Saída de Emergência
Encadernação: Capa Mole
N.º de páginas: 336
Género: Romance Histórico
Tradução: Paulo G. Silva


Sinopse
"Depois do sucesso de A Conspiração de Papel, David Liss volta a recuar no tempo para um momento chave na História: a Amesterdão de 1659, capital do comércio europeu, onde a perfídia impera e até os melhores amigos têm segredos.
Na primeira bolsa de valores do mundo, as fortunas são ganhas e perdidas num instante, e Miguel Lourenço, um judeu que fugiu de Lisboa devido à Inquisição, sabe-o melhor que ninguém. Outrora um dos comerciantes mais invejados da cidade, Miguel perdeu tudo numa súbita desvalorização do açúcar.
Agora, empobrecido, humilhado e a viver da caridade de um irmão mesquinho, precisa urgentemente de encontrar uma forma de recuperar a fortuna e a reputação. E essa oportunidade aparece quando é contactado por uma misteriosa mulher que lhe propõe uma jogada ousada: o monopólio de um produto desconhecido e fascinante chamado café.
Para ser bem sucedido, Miguel terá que arriscar tudo aquilo em que acredita e testar os seus próprios limites. Mas cedo se vai ver envolvido pelo caos dos mercados, pela ganância dos concorrentes, pelas intrigas de um inimigo poderoso... e pelos braços quentes e sedutores da esposa do seu irmão."


Opinião
Na Amesterdão do século XVII, Miguel, um judeu português que foge da inquisição vigente em Portugal, encontra refúgio e aceitação. No início deste livro, Miguel sofreu recentemente um grave revés quando vê a sua fortuna esfumar-se devido a um negócio no mercado do açúcar que correu mal. Endividado e com a reputação gravemente atingida, vê-se obrigado a pedir refúgio na casa do irmão, Daniel, casado com Hannah (que apesar de grávida está a apaixonar-se por Miguel).

Dada a situação financeira em que se encontra, Miguel está desesperado por um bom negócio que lhe permita recuperar o dinheiro que perdeu assim como a sua reputação. A resposta às suas preces aparece sob a forma da viúva holandesa Geertruide que o introduz nessa bebida sedutora com a capacidade de nos aguçar a mente que é o café, não muito popular à altura excepto para a comunidade turca. Juntos planeiam monopolizar o mercado deste produto e fazer uma fortuna.

A tarefa de Miguel é ainda mais dificultada pois ser Judeu na Amesterdão no século XVII, dado o conjunto de regras muito pouco permissivas e que tinham de ser obrigatoriamente seguidas, não era nada fácil. Outro problema era a eterna vigilância do Ma’amad, uma espécie de “governo” judeu, que tinha o puder de expulsar elementos da comunidade devido a conduta imprópria ou não cumprimento das regras. Uma das regras é a proibição de fazer negócios com não judeus, regra essa que Miguel está claramente a infringir ao fazer negócios com Geertruide. Como se a situação não fosse complicada o suficiente, existe ainda Parido, um mercador judeu abastado e membro poderoso do Ma’amad que, por razões que poderão descobrir ao longo do livro, não tem propriamente o bem-estar de Miguel em mente, muito pelo contrário.

Para atingir os seus objectivos, e à medida que a história decorre, Miguel vê-se obrigado a envolver-se numa rede cada vez mais complexa e perigosa de jogos e mentiras onde a traição espreita a cada canto. Um movimento em falso ou mal calculado e o seu plano vai por água abaixo.

Enquanto escritor, David Liss tem a capacidade de facilmente nos transportar no tempo, e é notória a extensa pesquisa feita por ele feita. Nunca senti nenhuma dificuldade em imaginar a cidade e os cenários onde decorre a acção pois todas as descrições são feitas de forma extremamente habilidosa. Este livro é também muito rico no que a insights sobre a vida e comportamentos dos Holandeses e Judeus da altura diz respeito, uma verdadeira fonte de saber versão light.

A acção nem sempre é muito fluída, mas tal é absolutamente desculpável tendo em conta as razões acima expostas. No entanto, é um livro repleto de suspense e intriga, com alguns toques muito peculiares de humor que permitem aliviar o clima pesado de desconfianças e traições.

O Mercador Português, apesar de não ser nenhuma obra prima, proporciona uma leitura bastante agradável mas por vezes confusa (o facto de eu ter lido este livro apenas nos momentos antes de ir dormir deve de ter sido em conta nesta apreciação pois o meu cérebro já não está a 100% àquela hora) onde voltas e reviravoltas, traições e aliados inesperados são o “prato do dia”.

Em resumo, o Mercador Português é um bom romance histórico que aconselho, especialmente aos apreciadores do género.




Comments (3)

On 1 de maio de 2010 às 12:15 , Célia disse...

Tenho por aqui "O Conspirador" do mesmo autor, mas está na pilha interminável... :D

PS: Tens alguns dados do livro trocados ;)

 
On 1 de maio de 2010 às 14:55 , Mónica disse...

LOL,

Estão quase todos trocados LOLOL

É o que dá fazer as coisas em dias separados e deixar as coisas a meio :p

Obrigada pelo aviso hehe

 
On 1 de maio de 2010 às 14:58 , Mónica disse...

Célia,

Acho que "O Conspirador", pelas pesquisas que andei a fazer na internet, é ainda melhor que este.