Nunca fui muito disto de redes sociais mas, há dois dias, entrei no facebook por sugestão da A. e da L. e, estou a achar tão engraçado, que decidi criar uma página apenas para este blog.

Podem encontrar o blog procurando por: Leituras e Devaneios.

Vou tentar actualizar por lá o que vai ficando por dizer aqui no blog ou melhor, as novidades são capaz de aparecer mais depressa lá editadas do que aqui.

Quanto à minha página pessoal é só procurar por Monica Colaco, não tem nada que enganar.

Sinopse
“No século XVI o mundo era dos homens. Então apareceu uma mulher que ousou desafiar as leis, a sociedade, as artes... e o mundo nunca mais foi o mesmo.
Esta é a história verdadeira de Artemísia, a primeira mulher a ser aceite na prestigiada Academia de Artes de Florença. Violada pelo professor de pintura quando tinha 18 anos, leva-o a tribunal mas é ela quem acaba por ser humilhada publicamente. Abandonada pela própria família, a jovem decide partir à conquista do mundo numa época em que as senhoras respeitáveis raramente saíam de casa. Sangue, sexo, arte e dinheiro, a história de Artemísia podia ser a história de uma mulher dos nossos tempos. Depois de um casamento de conveniência com um pintor medíocre que inveja o seu talento, a jovem é forçada a sustentar-se não só a si mas também à sua filha. Cruzando-se com Galileu e ganhando o patronato dos Medici, Artemísia faz explodir o seu génio no auge do Renascimento e, ao recusar-se a ser menos do que os homens, torna-se numa heroína intemporal. “

Imprensa
"Artemísia irrompeu no Renascimento com todo o drama de uma ópera italiana.",Vogue

"Quem diria que a história de uma pintora do Renascimento pudesse estar tão carregada de determinação espiritual, jogos sexuais, selvajaria religiosa e um indiscutível talento para a pintura.",The Atlantic

"A Paixão de Artemísia oferece-nos um retrato fiel de uma artista complexa que procura seguir a sua paixão apesar de todos os obstáculos.", Booklist

"Esta Artemísia, na sua luta para ganhar a vida como artista, na sua esperança por marcar uma época e no seu desejo em ser esposa, mãe e pintora, é alguém que todas as leitoras vão compreender.",Seattlle Times

Ficha Técnica
Autora: Susan Vreeland
Editora: Saída de Emergência - Chá das Cinco
Encadernação: Capa Mole
N.º de páginas: 286
Género: Romance Histórico
Tradutor: Carla Ferraz

Opinião
Já li este livro vai para lá de um tempão. Pensava até que já tinha opinado sobre o mesmo quando, ontem ao rever todas as opiniões, verifiquei que não era esse o caso. Como devem de calcular, os pormenores já me escapam tendo ficado só com uma ideia geral das sensações que este livro me transmitiu e a mensagem que passou, pelo que vou tentar me cingir apenas a esses pormenores (mas já sabem que o meu poder de síntese é algo quase inexistente).

A personagem principal, Artemísia (a primeira mulher admitida na Academia de Artes de Florença), é uma mulher muito à frente do seu tempo.

Numa sociedade dominada por homens, cheia de convenções sociais e comportamentais, onde as mulheres pouco mais eram que acessórios, empregadas domésticas e procriadoras, Artemísia destaca-se das demais. Mesmo depois de ter sido violada, e de ter passado por um teste humilhante para comprovar a perda da sua virgindade em pleno tribunal, não se entregou a uma vida de subserviência perante as figuras masculinas que foram povoando a sua vida.

Artemísia, uma talentosa pintora, lutou contra quase tudo e todos para se conseguir impor enquanto artista e viver da sua paixão, a sua arte. O facto de ser mulher nunca foi o suficiente para se conformar com o papel que a sociedade lhe queria relegar. Obrigada a casar por conveniência com um pintor de talento bastante inferior ao dela, Artemísia sai de Roma para ir morar em Florença, a Meca das artes na altura. Cedo percebe-se que a este casamento não tem grande futuro pois o talento superior de Artemísia é motivo de inveja do seu marido.

Passa por vários tipos de provações ao longo de toda a história (psicológicas, físicas e financeiras), enfrenta tudo e todos, mas nunca desiste de perseguir o seu sonho e alcançar os seus objectivos.

O livro está todo ele escrito num tom que apela ao feminismo, exacerbado pela forte personalidade e força de vontade da heroína desta história, sendo a escrita agradável e fluída.

A autora consegue mesclar factos históricos com romance e autênticas aulas de arte, de forma bastante eficiente. Claro que o facto de eu gostar muito de arte abona a seu favor pois, nos momentos em que quadros, esculturas e técnicas são explicados ao leitor de forma mais enfática, e para quem não partilha este tipo de paixão, confesso que estas partes serão bastante aborrecidas.

O livro peca também pelos saltos temporais mal enquadrados e referenciados que sucedem ao longo de toda a obra. O final então nem se fala. Fiquei com aquela sensação de que haveria mais qualquer coisa, um segundo volume que completasse o resto da história, pois parece inacabada.

Resumindo, gostei do livro mas o fim foi uma desilusão. Ficou a sensação: “e o resto?!”.


Opinião
Este livro começa, em termos históricos, nos últimos tempos do reinado de Akhenaton, em que este se encontra privado da companhia de Nefertiti, a Grande Esposa Real, companheira, conselheira e apoio moral e psicológico de Akhenaton, devido a uma reclusão auto-imposta pela sua própria frágil condição física.

Sem o ponto de equilíbrio que Nefertiti representa, Akhenaton, dedica-se com um fervor religioso a roçar o fanatismo, à adoração daquele que considera como o único deus, Aton, deixando o reino nas mãos de terceiros, muitos dos quais opositores não confessos da alteração religiosa que Akhenaton tenta impor a todo o reino: o completo desprezo e renúncia a todos os outros deuses do panteão egípcio, levando o Egipto à beira de uma guerra civil!

No meio de toda esta turbulência surge Akesa, terceira filha do par real e, à partida, sem nenhuma hipótese de subir ao poder mas, isso não a impede de tentar por todos os meios, conseguir convencer os seus pares (pais e outros) de que é a única capaz de assumir a posição da mãe como Grande Esposa Real.

Por circunstâncias que hão-de descobrir, Akesa ascende ao trono e nomeia como faraó Tutankaton (que mais tarde haveria de mudar o nome para Tutankamon em honra do deus Amon), e começa, a pouco e pouco, a mostrar quem é. Detentora de uma beleza física ímpar e de uma inteligência fora do comum, Akesa tenta tomar as rédeas do reino e impedir que este caia nas mãos dos inimigos do seu pai, provando ser a verdadeira herdeira da sua mãe, Nefertiti. Estas qualidades serão a sua perdição!

Quanto à minha opinião do livro em si, só posso dizer que gostei, e muito!

Apesar de o pouco que me lembro deste período histórico do Egipto, em certos aspectos, parecer-me não bater muito certo com o que aqui está escrito (despertou a minha curiosidade para voltar a aprofundar os meus conhecimentos nesta área), a personagem de Akesa é absolutamente fascinante, é alma deste livro. É impossível não admirar a sagacidade, tenacidade e inteligência desta jovem mulher. A sua devoção pelo pai e por tudo o que ele representou, a dedicação com que se entrega a recuperar a posição dominante do Egipto e a salvá-lo da pilhagem dos inimigos e amor que devota a tornar Tutankamon um faraó digno do posto, à custa, muitas vezes, do seu bem-estar físico, é digno de admiração!

Se Akesa tiver sido metade daquilo que foi descrita, terá sido, sem dúvida alguma, uma das mulheres mais fascinantes do antigo Egipto. Pena que, muito provavelmente, nunca saberemos a verdade acerca desta personagem histórica.

A teia de relações, conspirações, lutas pelo poder e intrigas amorosas criadas por Christian Jacq são demolidoras e traçam um retrato que demonstra, que o poder, para além de corruptivo, é volúvel e solitário. Estar no poder é viver no fio da navalha!

Quanto à escrita, é um livro que, embora escrito num estilo simples e sem grandes floreados literários, consegue que o suspense seja mantido de forma quase constante recorrendo para isso à sombra permanente da traição, a qual pode surgir de qualquer um dos lados do campo desta batalha sem fim.

Uma nota final acerca desta edição.
Julgo ser absolutamente inconcebível que, um livro que já conta com várias edições (ainda que noutro formato), tenha ainda tantos erros por rever e corrigir ao longo de toda a obra. Deve de ter sido dos livros em que mais erros de letras trocadas encontrei! Vergonhoso!

Quanto ao formato 11/17, adorei! É do tamanho e peso ideais para leituras deitada na cama ou no sofá, ou até para transportar dentro da mala. Apesar de continuar a achar 10€ um bocado puxado de mais para um formato que se quer substancialmente mais em conta que o normalmente editado, prefiro dar 10€ por este livro que 7 ou 8 por um daquelas colecções em que as capas mal se distinguem umas das outras, sendo por vezes a distinção apenas feita em termos de título da obra e autor. Resumindo, fiquei fã!

Ficha Técnica