Ficha Técnica
Autor: José Rodrigues dos Santos
Editora: Gradiva
Encadernação: Capa Mole
N.º de páginas: 502
Género: Romance


Sinopse
"Um cientista é assassinado na Antárctida e a Interpol contacta Tomás Noronha para decifrar um enigma com mais de mil anos, um segredo bíblico que o criminoso rabiscou numa folha e deixou ao lado do cadáver: 666. O mistério em torno do número da Besta lança Tomás numa aventura de tirar o fôlego, uma busca que o levará a confrontar-se com o momento mais temido por toda a humanidade. O apocalipse. De Portugal à Sibéria, da Antárctida à Austrália, "O Sétimo Selo" transporta-nos numa empolgante viagem às maiores ameaças que se erguem à sobrevivência da humanidade. Baseado em informação científica actualizada, José Rodrigues dos Santos volta com este emocionante romance aos grandes temas contemporâneos, numa descoberta que poderá abalar a forma como cada um de nós encara o futuro da humanidade e do nosso planeta. Prepare-se para o choque."


Opinião
Neste "romance" (já percebem daqui a pouco o porquê das aspas) José Rodrigues dos Santos baseia-se em estudos actuais para, através do desenrolar da história, nos dar a conhecer as consequências espectáveis causadas pelo aquecimento global. O aquecimento global e os combustíveis fósseis (petróleo principalmente) são os grandes protagonistas desta história.

Temas como as consequências do aquecimento global, as alternativas em termos de energia renovável, a evolução da era industrial provocada pela utilização de petróleo e "economia do petróleo" bem como as reservas de petróleo e as consequências do seu fim, são abordados e exaustivamente analisados, de forma um tanto ao quanto repetitiva, ao longo de todo o livro.

Uma vez mais, a personagem central deste livro é Tomás Noronha, o conhecido criptanalista português, que surge na história devido a uma misteriosa nota com um simples "666" deixada junto de dois cientistas assassinados. Como esse motivo não era suficientemente forte para justificar o porquê do seu envolvimento, o facto de este ter tido como colega de liceu o maior suspeito dos assassinatos parece ser razão suficiente.

Uma vez mais esta personagem falha de forma fulcral em captar o meu interesse enquanto leitora. É das personagens principais mais desinteressantes que conheço. É muito superficial, com todos os seus relacionamentos desenvolvidos de forma muito pouco interessante (a relação "sentimental" deste livro é a pior de todas as que li até agora nos livros do JRS, muito má mesmo) salvando-se apenas pela relação que desenvolve com a mãe. Aliás, na minha modesta opinião, a componente "romance" deste livro escapa definitivamente devido a esta parte. A temática da perca de capacidades à medida que envelhecemos (encarnada pela mãe de Tomás), a "vida" dos nossos idosos nos lares, é descrita com os factos que tão caracterizam este escritor, mas também com uma sensibilidade e profundeza que me tocaram.

Como já deve ter dado para perceber, considero este livro muito fraco em termos de "romance". Durante basicamente todo o livro, a sensação que o mesmo me passou foi de que JRS pegou em vários estudos e ensaios científicos e criou um "enredo" para puder ir "despejando" a informação que queria divulgar sobre o tema em questão. JRS prova, uma vez mais, que é um excelente jornalista de investigação mas um fraco criador de enredos (até agora só se salvou em "A filha do Capitão").

Resumindo, este livro vale essencialmente pela transmissão de conhecimentos que é feita. Para quem estiver disposto a aprender mais sobre o tema em questão, este livro é sem dúvida alguma um bom ponto de partida, pois a informação é exposta de forma bastante acessível até para o maior leigo na matéria. No entanto, e para que estiver à espera de um bom romance que tem como tema de fundo o aquecimento global, este não é de todo um livro recomendável.

Comments (5)

On 21 de março de 2010 às 20:04 , Leitura Nossa disse...

Poxa, eu esperava mais desse livro... estava interessada em ler, mas nunca tinha lido nenhuma opinião...
Agora, acho que vou esperar mais...

beijos,
Dé...

 
On 22 de março de 2010 às 13:46 , Ana C. Nunes disse...

Não li este livro, mas li o "Fórmula de Deus" e acontece exactamente o mesmo. Em termos científicos, está muito bom, mas o romance ... quase nem merece ser mencionado. Por isso também nem tenho vontade de ler mais nada do José Rodrigues dos Santos.

 
On 18 de fevereiro de 2011 às 05:54 , Sara disse...

oi,

Romance é um genéro literário, não deve ser confundido com romantismos (vulgo histórias de amor)...eu aprecio romances sem esta última componente :D

Deste autor ainda não li nada, os livros são um bocado carotes...

cumps

 
On 18 de fevereiro de 2011 às 09:53 , Mónica disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
 
On 18 de fevereiro de 2011 às 09:54 , Mónica disse...

Olá Sara,

Aqui as aspas funcionam como veículo à ironia e não a uma apreciação ou depreciação do género literário em si. Muitos Romances já li que de encontros e desencontros amorosos nada tinham, pois o autor nem sequer tentava enveredar por esses meios. No entanto o JRS entra e é muito mal sucedido (constantemente mal sucedido diga-se de passagem). Julgo que essa componente é mesmo a sua parte fraca enquanto escritor e preferia que ele se abstivesse de a explorar, encontrando veículos alternativos ao conto da história em si.

No entanto, não deixo de ser uma grande apreciadora do conteúdo informativo dos dos seus livros (há sempre qualquer coisa a aprender), continuando por isso a comprá-los sempre que sai algo de novo.